Antes de ser lançado, já se criou uma grande expectativa para este longa, anunciado como um filme de horror, A Pele que Habito seria a primeira investida do diretor no gênero. Todos já conhecemos Almodóvar, acostumado a dirigir dramas, sempre com temas polêmicos, o diretor é conhecido por explorar o universo feminino, sempre focando na sensualidade de suas atrizes, e com uma estética invejável em sua direção. Após o filme ser lançado, sempre escutamos alguns discursos "Não é um filme de horror, é mais um filme do Almodóvar" - Claro que é um filme do Almodóvar, sua identidade está ali, seu estilo está ali - mas tudo gira em torno de uma história doentia e pertubadora. O filme é inspirado em um livro, Tarântula, do escritor francês Thierry Jonquet, mas podemos citar várias outras referências, entre elas; Les Yeux sans visage (1959) do diretor francês Georges Franju , e até mesmo Frankenstein.
Robert Ledgard (Banderas) é um famoso cirurgião plástico, que mantém a paciente Vera trancada em um quarto - já percebemos que não é uma relação médico-paciente comum, já que Vera está ali contra sua vontade. O cirurgião, usa a paciente como uma cobaia para uma experiência, criar uma pele artificial perfeita, que pode livrar o ser humano de várias doenças. Isso é o que o diretor nos leva a acreditar no primeiro ato, mas quando mostra o passado de Ledgard, começamos a entender os reais motivos por sua obsessão pela desconhecida paciente.
Situações trágicas e angustiantes, são reveladas aos poucos, de maneira que compreendemos melhor a primeira parte, mesmo assim, ainda não entendemos certas atitudes de alguns personagens. A vingança de Ledgard contra um dos supostos responsáveis pela tragédia de sua família, vira obsessão. Quando chega a revelação clímax do filme, aí meu camarada, boquiaberto, só consegui dizer no momento: "PQP, não acredito no que estou vendo". E sim, Almodóvar nos dá um soco no estômago; com uma história perturbadora, que vai da vingança a obsessão, do ódio a loucura - O diretor nos deixa imaginando várias versões para a conclusão da trama, e traz um reviravolta surpreendente. Mas não fica nisso, o final ainda se estende para situações realmente incômodas.
A estética usada pelo diretor é impressionante, desde a fotografia (sempre com tons vermelhos), até a excelente trilha sonora - contando com a ajuda das grandes atuações. Na minha humilde opinião, é o melhor filme do Almodóvar, com a trama mais surpreendente e chocante entre suas obras. Como disse antes, continua sendo um filme do Almodóvar, Cult, Arte - Mas insisto, é uma história de horror, nada de filme sangrento ou visceral - mas um horror psicológico, onde o diretor não tortura somente os personagens, mas também o expectador, que fica com uma sensação incômoda ao final da obra, que sinceramente, nem consigo descrevê-la aqui.
Elenco: Antonio Banderas, Elena Anaya, Marisa Paredes, Jan Cornet, Roberto Álamo, Eduard Fernández, José Luis Gómez, Blanca Suárez, Susi Sánchez, Bárbara Lennie.
Sinopse massa essa cara, sem obveidades. Com boas informações do entorno da obra. VALEU!
ResponderExcluir"Terror psicológico". CONCORDO! É isso! Fino, cirúrgico, de primeira. Ângustia humana dos pés à cabeça, do início ao fim. Vale a pena conferir e, haja estômago!
Abração,
Lu Costa