domingo, 27 de novembro de 2011

A Hora do Espanto (Friday Night) 2011

E de remakes sobrevive o cinema de terror de Hollywood, sejam eles de filmes de outros países, ou de alguns clássicos do gênero. Com um orçamento melhor, e mais recursos técnicos, esses remakes, deveriam superar os originais, mas infelizmente isso não acontece. Em 1985, eu tinha 6 anos, mas já curtia filmes de terror. O mercado americano descobriu o público adolescente, e vários clássicos foram lançados na época; que marcou o nascimento de ícones do cinema como Freddy Krueger, Jason, Michael Myers, entre outros. Quando assisti A Hora do Espanto pela primeira vez (via sempre escondido dos meus pais), ficava de boca aberta, tremia de medo, mas me divertia e não desgrudava os olhos da tela. Vi e revi esse filme dezenas de vezes, ah como sinto falta do terror dos anos 80.

O roteiro deste remake, segue bem a linha do primeiro - Charley (Anton Yelchin) mora com sua mãe (Tony Collette) em uma pacata e isolada vizinhança perto de Los Angeles; lugar perfeito para que Jerry (Collin Farrel), possa se passar por um trabalhador noturno. Charley é alertado por Ed (Mintz-Plasse, o McLovin de Superbad), um "ex-amigo" sobre seu novo vizinho ser um vampiro, mas ignora o fato, assim como já vinha ignorando Ed há algum tempo. Porém com o desaparecimento de Ed, Charley resolve investigar e descobre o óbvio. Inseguro e assustado, o jovem herói pede ajuda para matar o vampiro ao canastrão Peter Vincent (David Tennant), um suposto caçador de vampiros que tem um programa de TV.

Collin Farrel fica bem a vontade interpretando o vampiro cafajeste, usando sua aparência física, seus trejeitos (caras e bocas) para seduzir e atrair suas vítimas. Diferente do original, o jovem Charley, é aqui um recém popular na escola, opção do roteiro para criar um conflito com seu "ex-amigo" nerd, o que não acrescenta muito a história. Uma escolha infeliz do roteiro, foi a do personagem Peter Vincent; enquanto no original era um velho ator decadente, aqui é um jovem bêbado e oportunista, que graças a bebida se torna corajoso. O resto do elenco não compromete, Toni Collette se adaptou bem ao papel de "mãe" (vide Pequena Miss Sunshine), e a jovem atris Imogen Poots, interpreta bem Amy, a simpática e indefesa namorada de Charley, que desperta a atenção de Jerry.

O diretor foi uma escolha arriscada para o projeto, acostumado a dirigir comédias, Craig Gisllepie foi corajoso ao assumir o remake. Apesar de boas cenas, como a dos vampiros saindo das paredes, ou a da luta entre Ed e Charlye, o diretor escorrega no 3D e no CG. O filme segue até um bom clima crescente de suspense, porém, as principais cenas soam muito artificiais, graças aos fracos efeitos.

Assim, esse remake não chega aos pés do original, em que toda falta de recursos na época não foi empecilho para criar um filme divertido e assustador, as maquiagens eram eficientes e reais, ao contrário dos efeitos de CG atuais. Pelo menos aqui, se prega um respeito pelo tema "Vampiros", nada de vampirinho descolado virgem que brilha no sol e não ataca ninguém; comparações com os filmes e livros Crepúsculo são inevitáveis, até este Hora do Espanto dá um alfinetada em uma cena onde o livro é citado. Ah, o ator Chris Sarandon, o vampiro do original, faz uma pequena participação, como uma das vítimas.



A Hora do Espanto (Friday Night) 2011
Dirigido por Craig Gillespie
Roteiro de Marti Noxon
Com Anton Yelchin, Colin Farrell, Toni Collette, David Tennant, Imogen Poots, Christopher Mintz-Plasse

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Human Centipede (First Sequence) e Human Centipede II (Full Sequence)

The Human Centipede (First Sequence)

Antes de ser concebido, Human Centiped (Centopéia Humana, ao pé da letra), já era polêmico. A idéia de se fazer uma experiência, criando uma "centopéia" com seres humanos, já gera um certo desconforto. O filme até funciona, apesar de pecar no roteiro, e em algumas atuações.

O filme resgata um horror dos anos 60, aqueles onde cientistas loucos aterrorizavam as telas. O austríaco Dieter Laser incorpora o papel, bem a vontade como o Dr. Heiter, é ele que salva o longa. O resto do elenco é fraco, apesar de seus papeis não exigirem grandes atuações. A forma como a "centopéia" é concebida é de uma ideia grotesca, apesar da violência gráfica dosada, só de imaginar uma pessoa ligada a outra com a boca costurada ao ânus, já causa repulsa.

Infelizmente a boa ideia escorrega no roteiro, mal desenvolvido e pouco ousado, não cria situações agonizantes. O final, pouco inspirado, acaba deixando aquele sentimento de que "podia ser um filme interessante".




The Human Centipede (First Sequence) - 2009
Dirigido por Tom Six
Elenco: Dieter Laser, Ashley C. Williams e Ashlynn Yennie





Human Centipede II (Full Sequence)

Se no primeiro filme o diretor Tom Six dosou a violência - nesta sequência, ele abusou - repulsivo, é um filme grotesco, praticamente não há diálogos, o protagonista Martin (Laurence R. Harvey) não diz uma palavra durante todo o longa.

Martin é um cara perturbado, fã do primeiro filme, decide fazer sua própria centopéia, só que com 13 humanos, e sem experiência cirúrgica, usa tudo o que tem pela frente, fitas, grampeadores, facas...

É um filme descartável, mas para quem gosta de ver coisas extremas, vale dar uma olhada - os 30 minutos finais onde a centopéia é construída é difícil de acompanhar, é preciso ter estômago. O filme foi banido no Reino Unido, essa polêmica acaba por promovê-lo, só que, não merece tanto estardalhaço.




The Human Centiped II (Full Sequence) - 2011
Dirigido por Tom Six
Elenco: Laurence R. Harvey, Ashlynn Yennie and Maddi Black


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Medo (2003)

Lançado no Brasil como Medo, Janghwa, Hongryeon, conhecido também como A Tale of Two Sisters; é um dos melhores exemplares da safra asiática de filmes de horror. Teve um fraco remake lançado por aqui, mas nada que ofusque a maestria como este foi dirigido. 

A trama começa com Su-mi contando ‘o que aconteceu naquele dia’ para um psiquiatra. Sua história começa com sua chegada e de sua irmã Su-Yoen na isolada mansão de seu pai. A relação entre Su-mi e seu pai é conturbada – o pai sempre tenta se aproximar da filha, mas a mesma guarda um rancor devido ao misterioso passado da família, revelado somente nos minutos finais da trama. Su-mi está sempre protegendo sua irmã da jovem e desequilibrada madrasta, outra relação conturbada. Com a chegada das meninas a casa, coisas estranhas começam a acontecer – aparições de uma misteriosa entidade durante a noite começam a aterrorizar não só as meninas, mas também a madrasta. O pai assiste com tristeza a relação entre Su-Mi e a madrasta, tenta ajudar a filha, mas parece não entender os motivos que estão levando a menina a insanidade.

O diretor conduz o filme em um clima claustrofóbico e agonizante na isolada mansão com seus corredores frios e escuros. Retrata com maestria a agonia dos personagens diante das situações cada vez aterradoras que vão revelando o destino trágico de cada personagem. Su-Yoen que quase nada fala durante toda a trama, é uma personagem perturbada e misteriosa, o que no passado da família tanto a incomoda? Por que o elo que existe entre as duas irmãs incomoda tanto o pai? Por que o pai nunca fala com Su-Yoen? Porque sua relação com sua jovem esposa é distante? Várias perguntas e poucas respostas deixam o espectador confuso durante quase toda trama. Os acontecimentos se intensificam até o momento em que o pai não agüenta mais e precisa pedir ajuda para entender o que está acontecendo a filha, que cada vez mais insana, revive todo o tenebroso passado na sua volta ao lar. As atuações são impecáveis, a fotografia é perfeita e só contribui para o clima sombrio do filme. 

Diferente de outros filmes de horror asiáticos (O chamado, por exemplo), o diretor conduz o filme para um final dramático e aterrador, em vez de explorar o horror, com exceção de algumas cenas pavorosas (a cena da mulher no quarto é uma das mais assustadoras que já vi). O diretor leva o expectador a conhecer primeiro o insano presente dos personagens, depois o triste e sombrio passado que explica assim o futuro trágico de cada personagem. O filme deixa em aberto a questão entre o sobrenatural e a insanidade de Su-Mi – os acontecimentos na casa eram reais? Ou apenas um reflexo da Insanidade de Su-Mi? 



Medo – (2003 – Coréia do Sul)
Direção – Ji-Woon Kim
Elenco: Kap-su Kin, Jung-ah Yum, Su-jeong Lim, Geun-yeong Mum