segunda-feira, 16 de abril de 2012

Estranha (2011)

O cinema brasileiro de horror, já faz alguns anos, vem se encontrando com produções, que mesmo sem apoio, patrocínio - compensam a falta de dinheiro com muita criatividade. O diretor/roteirista/ator... Joel Caetano nos brinda com uma "estranha" história de traição, vingança, loucura e sensualidade, em pouco mais de 12 minutos

Elogiado pelos festivais por onde passa, a trama trás a história de uma  mulher (Mariana Zani), que recebe a visita da "irmã" (Kika Oliveira) de seu companheiro (Walderrama dos Santos, o Chupacabra de A Noite do Chupacabras) - que está viajando a trabalho. Quando a mulher coloca a irmã de seu marido ao telefone, logo percebemos que tem algo errado, quando ele pergunta "o que você está fazendo aí? o que fez com minha irmã?" - A partir daí começa uma violenta sequência, quando a suposta irmã droga a mulher, e começa espancá-la - Joel retrata como essa agressão é vista pela mulher drogada - imagens psicodélicas que intercalam com momentos de lesbianismo que deixa qualquer marmanjo sem ar - enquanto do lado real da coisa, a violência gráfica é perturbadora - méritos para Joel que é responsável também pela maquiagem. Com uma bela e "estranha" trilha sonora, atuações afiadas do elenco - Estranha mostra as consequências de atos que, mesmo sem a intenção, acabam por ferir espiritualmente e fisicamente pessoas que não mereciam. Para quem aguentar chegar ao final, resta a perturbadora risada da mulher.


Direção: Joel Caetano.
Elenco: Mariana Zani, Kika Oliveira, Roberta Rodrigues, Tiago Galvão e Walderrama dos Santos.




PS: Para quem quiser conhecer mais sobre a produtora - http://recursozero.blogspot.com.br/

sábado, 25 de fevereiro de 2012

A Mulher de Preto (Woman In Black - 2012)


A Hammer foi talvez a produtora de filmes de terror mais importante dos anos 50/60; tornou-se famosa ao trazer novas versões de Drácula e Frankenstein, responsável também por colocar Peter Cushing e Christopher Lee como ícones do gênero na época. Foram várias produções, envolvendo monstros clássicos, como vampiros, múmias, lobisomens, etc... .Influenciou vários diretores, entre eles Tim Burton, que lançou A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, filme inspirado nas antigas obras da produtora. 

A Mulher de Preto é a aposta da nova Hammer, e pode ser considerado uma homenagem a própria produtora - o filme é ambientado na Inglaterra, não sei a época ao exato. Arthur (Daniel Radcliffe) é um advogado que, guarda uma profunda tristeza devido a morte de sua esposa, e cria sozinho seu filho. A firma onde ele trabalha, mesmo sabendo de sua condição, o pressiona a produzir mais, e dá a ele uma última chance - organizar a papelada para a venda de uma mansão em um pequeno vilarejo. Ao chegar, os nativos locais, não o recebem bem, entre eles o advogado local, que lhe entrega alguns papéis, e quer logo despachá-lo de volta a Londres, sem entender, Arthur vai a mansão, que fica isolada do vilarejo em busca de respostas, e lá vê pela primeira vez, A Mulher de Preto.

Podemos dividir o filme em duas partes, a primeira é sensacional, clima de tensão sufocante durante a primeira hora de projeção. A segunda visita de Arthur a mansão, deixa o espectador sem fôlego, quando o mesmo decide passar a noite e resolver todas as pendências burocráticas da casa - enquanto pesquisa, descobre o que aconteceu, é assombrado pelo fantasma da Mulher de Preto, além de crianças mortas no vilarejo, até aquele momento, sem explicação. Na segunda parte, a sequência final tenta ser mais dramática, porém cai em alguns clichês do gênero e deixa a desejar.

O filme é esteticamente impecável, na parte técnica tudo está perfeito, o figurino, o cenário que cria um ambiente aterrador tanto no vilarejo, quando na mansão. A fotografia meio acinzentada sempre envolta a neblinas só contribui para clima de tensão que o filme proporciona. Há o exagero que os efeitos sonoros proporcionam, não há uma cena que escape do "Pam" nos momentos mais tensos, tudo isso para assustar o espectador - funciona, mas não é o tipo de técnica que aprecio, prefiro quando o diretor explora mais o roteiro e tente criar medo e tensão sem apelar para essa técnica.

O diretor James Watkins, tem um currículo bacana, dirigiu  o sensacional Eden Lake, além de assinar o roteiro de O Olho Que Tudo Vê e Abismo do Medo 2 - é um cara que merece atenção, infelizmente aqui nesta produção, ele tem seus escorregões - peca por exemplo, por mostrar em exagero os bonecos da casa, mesmo sendo aterrorizantes, essas cenas acabam por serem repetitivas - Deixa a desejar também no final, faltou um pouco de inspiração e criatividade; o fantasma da mulher de preto quando revelado, é decepcionante, era mais interessante quando víamos apenas seu vulto e suas sombras na casa.

Todas as atenções da mídia estavam voltadas para Daniel Radcliffe, que faz uma aposta certa ao escolher o papel de uma produção de terror, do que protagonizar um blockbuster em Hollywood - ele deixa pra traz os trejeitos adolescentes da saga Harry Potter e encara um papel adulto, atua bem, dentro do que o roteiro proporciona, só deixa a desejar na sequência final, que exigia um pouco mais de empenho e emoção do jovem ator, mas é outro cara que tem um futuro promissor pela frente. O resto do elenco é competente em suas atuações.

A Mulher de Preto não será um novo clássico da Hammer, mas o resultado final, apesar dos tropeços é satisfatório, é terror bem produzido e respeita o gênero. A Hammer pode e ainda vai fazer muito pelo cinema de horror. Que este filme fique de exemplo para a produtora, que ela saiba aproveitar os acertos e reconhecer os erros para os trabalhos futuros.



Dirigido por James Watkins
Escrito por Susan Hill (novela) e Jane Goldman (roteiro)
Estrelado por Daniel Radcliffe, Janet McTeer e Ciarán Hinds



terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Filha do Mal (The Devil Inside)

Quando vi o trailler de Filha do Mal pela primeira vez - eu pensei - pqp, taí um filme de terror bacana, vamos começar o ano bem, afinal, continha algumas cenas bem tensas - desconfiei quando vi a censura - 16 anos - enfim, foi a primeira decepção do ano. O currículo do diretor William Brent Bell não é dos melhores, entre as três produções que assina está o fraco Stay Alive - Jogo Mortal.

O filme aborda o tema do exorcismo, o melhor exemplar deste, é o famoso O Exorcista de 1973 - outro filme pouco conhecido por aqui, mas extremamente perturbador é o italiano L'anticristo de 1974 - outros mais fracos, mas pelo menos mais honestos são O Exorcismo de Emily Rose e O Último Exorcismo.

Narrado em forma documental, aliás, um "mockumentary" (falso documentário) - a trama mostra Isabella Rossi (Fernanda Andrade), que pesquisa o que levou a mãe a cometer um triplo assassinato há 20 anos atrás. Sua pesquisa a leva a Itália, onde sua mãe está internada - ao descobrir que Maria  está possuída, tenta salvá-la com a ajuda de dois padres que praticam exorcismos por conta própria, sem autorização da igreja.

O roteiro preguiçoso, é assinado pelo diretor em parceria com Matthew Petermen (que também escreveu Stay Alive); não desenvolve a história, se apóia em diálogos clichês cansativos, nunca saindo do lugar, totalmente previsível. O diretor peca também por não saber trabalhar com o estilo "mockumentary" - utilizando efeitos de edição, que tiram o teor de realidade que o filme tenta passar - sabe aquelas cenas que o fantasma vem andando devagar, de repente ele dá uma acelerada e quase engole a tela com a boca?, então, é disso que estou falando. Efeitos sonoros também atrapalham, muito "PAM" para dar um susto barato no espectador. Em certos momentos do filme, eu pensei estar assistindo Big Brother, onde os personagens dão depoimentos em frente a câmera, falando mal uns dos outros. Tudo isso se desenrola para um final patético e preguiçoso, assim como a direção e o roteiro.

A brasileira Fernanda Andrade não consegue se firmar como protagonista, sua atuação é tímida, e em cenas que exigem uma melhor performance, ela deixa a desejar - a dupla que representa os padres (Simon Quarterman e Evan Helmuth) segura a onda - o destaque do elenco fica por conta de Suzan Crowley, que interpreta Maria Rossi (mãe de Isabella), as poucas cenas em que ela aparece, são as que salvam.

O filme tem seus bons momentos, a cena do primeiro encontro entre Maria e Isabella é pavorosa - também há o exorcismo de Rosa, que é bem tenso; e por fim a cena do batismo - todas elas vistas no trailler, acabam por perder o impacto que deveriam causar no filme. Sinceramente, prefiro ver Reagan vomitando na cara do Padre Merrin em O Exorcista, do que perder meu tempo com diretores picaretas.



Dirigido por William Brent Bell
Escrito por William Brent Bell e Matthew Peterman
Elenco: Fernanda Andrade, Simon Quarterman, Evan Helmuth e Suzan Crowle.


domingo, 22 de janeiro de 2012

Red, White & Blue

Estamos acostumados a ver personagens sofrerem na história do cinema, desde desenhos da Disney, as grandes produções de Hollywood. Mas as pessoas estão mais acostumadas com finais felizes, tal personagem pode comer o pão que o diabo amassou, que no final dá tudo certo pra ele. Por muito tempo o cinema pregou essa ideologia, até mesmo para vender, e o público em geral, aceitou isso, levando como esperança para sua vida pessoal. Muitos quebram a cara, ao ver que a vida não é como a desse tipo de cinema. Outras produções, vão pelo caminho contrário, mostram um mundo que não é bonito, e mesmo quando parece que vai dar tudo certo, acontece uma tragédia que desencadeia outras e termina por foder tudo.

Red, White & Blue (dirigido por Simon Runley) é assim, uma história triste, com personagens solitários, cada um com sua tragédia particular. A história é centrada em Erica (Amanda Fuller), uma ninfomaníaca que mora de favor em uma pensão, em troca do quarto, limpa a casa; Nate (Noah Taylor), ex-combatente do exército americano, que mesmo tendo proposta da CIA, trabalha em um depósito por opção; e Franki (Marc Senter), um jovem desajustado, que lida com o câncer da mãe, e tenta ter sucesso com sua banda de Rock.

O destino desses três personagens se encontram de forma simples, Erica transa com Franki em uma de suas "aventuras" noturnas - enquanto Nate, solitário, tenta se aproximar dela, e mesmo rejeitado, a ajuda a conseguir um emprego, e em nenhum momento, tenta se aproveitar dela, mesmo sabendo como ela é. Com o desenrolar, Nate e Erica vão se aproximando mais, e criando uma relação de dependência afetiva, em que um supre a carência do outro. Em paralelo, Franki e sua banda começam a receber convites de outros continentes, e sua mãe parece estar curada do câncer. Mas aí, quando tudo parece começar a dar certo pra todos, a vida decide a dar um golpe em todos.

Não vou entrar em detalhes do que acontece daqui pra diante. A jovem atriz Amanda Fuller, em uma bela atuação, mostra uma personagem com semblante sempre triste, são raros os momentos que a vemos sorrir, e mesmo sabendo que não vai acontecer, torcemos para que ela tenha seu final feliz. Noah Taylor também vai bem, um homem, com um passado turbulento, que busca uma vida tranquila - seu ódio vem a tona, e não hesita em machucar até pessoas inocentes para conseguir seu objetivo. Já Marc Senter também tem seus méritos ao construir seu personagem. Podemos considerar que o filme é dividido em duas partes - a primeira, a mais longa, nos leva a conhecer cada personagem, e assim entender o porquê, de seus atos na  violenta segunda parte - uma história dramática, com uma brutal sequência final. O Roteiro e a edição, acertam na opção de tratar tudo no diálogo, acompanhamos a narrativa de forma que, parece que estamos ali presenciando tudo, sem poder fazer nada para evitar as trágicas consequências.

Não dá pra julgar ninguém, muito menos apontar culpado. Cada um tem seus motivos, que justificam seus atos, mesmo que deturpados. Mas nós seres humanos somos assim, de alguma maneira temos a necessidade de preencher o vazio deixado pelo estrago de uma tragédia. Seja com atos que não nos deixam orgulhos, mas trazem um estranho tipo de paz.




Dirigido por Simon Rumley
Elenco: Amanda Fuller, Noa Taylor e Marc Senter


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ivo Costa no Boca


Isso aí cambada, agora faço parte da equipe do Boca do Inferno - vou escrever algumas críticas para este que é o melhor site de filmes fantásticos do Brasil - vou continuar com o blog, então podem continuar acessando, talvez demore mais pra atualizar, afinal tenho que conciliar com meu trabalho que é foda, com estudo e agora com o Boca. Agradeço a todos que acompanham e curtem o blog, pois foi graças a vocês que consegui esse feito.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Kill List (2011)

Filme inglês incômodo e brutal, segundo trabalho do diretor Ben Wheatley, pouco conhecido por nós brasileiros - independente e vencedor de vários prêmios em alguns festivais na europa, entre eles, o de melhor ator coadjuvante para Michael Smiley no British Independent Film Awards.

O início da trama, mostra a rotina de uma família em crise, Jay (Neil Maskell), Shel e seu filho - entre brigas e reconciliações, recebem a visita do amigo Gal (Smiley) - que traz para Jay uma proposta de trabalho, com muita grana envolvida - Jay a princípio recusa, mas após outra briga - aceita o serviço - assassinar três pessoas. O passado de Jay é revelado através de diálogos entre os personagens, sabemos que o mesmo é um ex-combatente, assim como Shel e Gal - e que teve um serviço malsucedido em pouco menos de 1 ano, que o deixou um pouco paranóico. 

Quando conhecemos o contratante do serviço, já sabemos que não será um trabalho comum, um excêntrico homem de terno preto, de poucas palavras, que corta a mão de Jay , assim como a sua, numa espécie de pacto de sangue - piora quando vão atrás da primeira vítima da lista - um padre - que antes de ser alvejado com o tiro, agradece a Jay. A partir daí, a dupla entra em mundo sombrio, onde toda a sanidade dos dois será posto a prova. O que parecia ser um simples filme de ação, onde dois matadores tem que executar um serviço - se torna em uma estranho e sombrio thriller. Jay fica curioso pelos motivos das mortes, e toda sua paranóia vem a tona, preocupando o amigo Gal - e com o decorrer da trama, de caçadores se tornam a caça.

O roteiro do filme acerta ao não mostrar o passado dos personagens através de flashbacks, apenas diálogos nos dão uma noção do que aconteceu e do que está por vir - opção também interessante em não revelar muita coisa sobre o sombrio Contratante do serviço, assim como outros personagens, entre eles a atual namorada de Gal, a estranha Fiona. Sem muitas explicações o roteiro segue para um final trágico, que nos deixa sem entender os motivos para o tal - mas choca de uma maneira brutal. A edição com cortes secos é incômoda - deixa o filme num clima de tensão crescente e agonizante.

Com mais perguntas do que respostas, Kill list é brutal a misterioso a sua maneira - poucas são as cenas de violência, mas realmente fortes - é estranho, incômodo - daqueles filmes que nos deixa sem lugar quando acaba - Méritos por ser um filme independente e nos tirar da mesmice dos blockbusters de Hollywood.





Dirigido por: Ben Wheatley
Elenco: Neil Maskell, MyAnna Buring, Michael Smiley


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A Pele que Habito

Antes de ser lançado, já se criou uma grande expectativa para este longa, anunciado como um filme de horror, A Pele que Habito seria a primeira investida do diretor no gênero. Todos já conhecemos Almodóvar, acostumado a dirigir dramas, sempre com temas polêmicos, o diretor é conhecido por explorar o universo feminino, sempre focando na sensualidade de suas atrizes, e com uma estética invejável em sua direção. Após o filme ser lançado, sempre escutamos alguns discursos "Não é um filme de horror, é mais um filme do Almodóvar" - Claro que é um filme do Almodóvar, sua identidade está ali, seu estilo está ali - mas tudo gira em torno de uma história doentia e pertubadora. O filme é inspirado em um livro, Tarântula, do escritor francês Thierry Jonquet, mas podemos citar várias outras referências, entre elas; Les Yeux sans visage (1959) do diretor francês Georges Franju , e até mesmo Frankenstein. 

Robert Ledgard (Banderas) é um famoso cirurgião plástico, que mantém a paciente Vera trancada em um quarto - já percebemos que não é uma relação médico-paciente comum, já que Vera está ali contra sua vontade. O cirurgião, usa a paciente como uma cobaia para uma experiência, criar uma pele artificial perfeita, que pode livrar o ser humano de várias doenças. Isso é o que o diretor nos leva a acreditar no primeiro ato, mas quando mostra o passado de Ledgard, começamos a entender os reais motivos por sua obsessão pela desconhecida paciente.

Situações trágicas e angustiantes, são reveladas aos poucos, de maneira que compreendemos melhor a primeira parte, mesmo assim, ainda não entendemos certas atitudes de alguns personagens. A vingança de Ledgard contra um dos supostos responsáveis pela tragédia de sua família, vira obsessão. Quando chega a revelação clímax do filme, aí meu camarada, boquiaberto, só consegui dizer no momento: "PQP, não acredito no que estou vendo". E sim, Almodóvar nos dá um soco no estômago; com uma história perturbadora, que vai da vingança a obsessão, do ódio a loucura - O diretor nos deixa imaginando várias versões para a conclusão da trama, e traz um reviravolta surpreendente. Mas não fica nisso, o final ainda se estende para situações realmente incômodas.

A estética usada pelo diretor é impressionante, desde a fotografia (sempre com tons vermelhos), até a excelente trilha sonora - contando com a ajuda das grandes atuações. Na minha humilde opinião, é o melhor filme do Almodóvar, com a trama mais surpreendente e chocante entre suas obras. Como disse antes, continua sendo um filme do Almodóvar, Cult, Arte - Mas insisto, é uma história de horror, nada de filme sangrento ou visceral - mas um horror psicológico, onde o diretor não tortura somente os personagens, mas também o expectador, que fica com uma sensação incômoda ao final da obra, que sinceramente, nem consigo descrevê-la aqui.



Dirigido por Pedro Almodóvar.
Elenco: Antonio Banderas, Elena Anaya, Marisa Paredes, Jan Cornet, Roberto Álamo, Eduard Fernández, José Luis Gómez, Blanca Suárez, Susi Sánchez, Bárbara Lennie.